Universidades dos EUA em rebuliço. Mais de 130 detidos em Nova Iorque em protestos contra guerra em Gaza

por RTP
Foto: Idris Talib Solomon - Reuters

Mais de 130 pessoas foram detidas durante a madrugada de terça-feira junto às instalações da NYU, uma prestigiada universidade de Nova Iorque. É o acontecimento mais recente nos Estados Unidos, numa escalada de tensão em várias faculdades devido aos protestos contra a guerra na Faixa de Gaza.

De acordo com o porta-voz da polícia nova-iorquina, as 133 pessoas detidas foram entretanto libertadas. Um dos responsáveis da polícia, o vice-comissário Kaz Daughtry, publicou na rede social X a carta enviada pela NYU que motivou a intervenção da polícia.

Segundo a missiva endereçada à polícia pela universidade e agora divulgada pela polícia, refere-se que a NYU pediu “repetidamente a todos os indivíduos” que abandonassem a Gould Plaza, uma praça de Nova Iorque onde se situam várias faculdades.

Os estudantes, por sua vez, tiveram um comportamento “desordeiro, perturbador e hostil” que interferiu “com a segurança da nossa comunidade”. A NYU considerou que, ao ignorarem ordens para dispersar, os indivíduos “são invasores” e pediu à polícia para fechar a área e “tomar medidas” para retirar os manifestantes.

Os manifestantes da NYU apelaram à instituição para que divulgasse e alienasse as doações de “fabricantes de armas e empresas com interesse na ocupação israelita”, adianta a BBC."Caso se recusem a sair, solicitamos ao Departamento de Polícia de Nova Iorque que tome as medidas coercivas necessárias, incluindo a detenção”, acrescentou a universidade nova-iorquina na carta publicada pela polícia.

O vice-comissário Kaz Daughtry explica que as autoridades responderam ao pedido e “dispersaram a multidão” naquela praça, tendo feito várias detenções “conforme necessário”.

“Existe um padrão de comportamento que está a ocorrer em vários campus do nosso país em que indivíduos tentam ocupar espaços e desafiar as políticas das universidades”, conclui o vice-comissário, acrescentando que, em Nova Iorque, a polícia “está pronta para abordar estas ações proibidas e ilegais” sempre que for chamada a intervir.

São várias as faculdades norte-americanas em que a normalidade académica está a ser interrompida pelos protestos de estudantes que exigem o fim da guerra no Médio Oriente e alertam para a situação humanitária na Faixa de Gaza.

Na semana passada, cerca de uma centena de estudantes da Universidade de Columbia, também em Nova Iorque, foram detidos. Também nessa ocasião, foi requerida a intervenção da polícia.

Nos dias que seguiram, os alunos contraprotestaram com grandes acampamentos montados nos relvados da universidade. Vários manifestantes externos à universidade atacaram o campus.

Para acalmar os ânimos, a Universidade de Columbia anunciou esta segunda-feira que irá permitir que os alunos possam frequentar remotamente as derradeiras aulas do semestre. “A segurança é a nossa principal prioridade”, afirmou a reitora da universidade, Angela Olinto no mesmo e-mail em que anunciou o sistema híbrido de ensino.
Na segunda-feira, um dos maiores doadores da Universidade da Columbia e dono do clube de futebol americano Patriots, Robert Kraft, anunciou que iria retirar os apoios à instituição “até que sejam adotadas medidas corretivas”.
De acordo com o jornal The New York Times, o rastilho destes protestos chegou a outras instituições, incluindo às universidades de Yale, Minnesota, Califórnia, Berkeley e Universidade de Emerson, em Boston, onde também surgiram acampamentos de protesto.

Nas últimas semanas, várias personalidades alertaram para o perigo deste tipo de protestos, considerando que estão a alimentar o ódio e o anti-semitismo no contexto universitário. Na Casa Branca, o presidente Joe Biden alertou esta segunda-feira para o “assédio e apelos à violência contra judeus” nas universidades.

“Este anti-semitismo flagrante é repreensível e perigoso, e não tem qualquer lugar nos campus universitários ou em qualquer lugar do nosso país”, vincou o presidente dos Estados Unidos.
Tópicos
pub